domingo, 19 de abril de 2015

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

MASCULINA TRANS - O NAVIO PASSOU POR CIMA DA PONTE.



E na quebrada despencou o filme, uma lata restava na geladeira, ela-ele se desesperou, abriu a janela e gritou: MASCULINA TRANS, o NÃO DE VOCÊS NÃO ME AMEDRONTA, SOU UMA ROSA E PERFUME NESSE CORPO NÃO FALTA!!! Barulho de algo voando, ela vestida de vida e ouvindo Lou Reed, recebeu um corte profundo de uma garrafa de vodka jogada da janela do vizinho da frente. Pingos, restos de cor e o fosso formado por aquelas paredes cinzas se inundou de vermelho, sangue que sem pureza já sofria da culpa da noite passada, CUSPA O QUE RESTOU DE SANTO e o som da música enchia de solidão todos os corredores do prédio, ADEUS DEUS, corte MINHA CARA coração, acelere o passo, esqueça o tempinho frio, o inverno já passou, abrace cenas novas, um roteiro sem fim, sem o propósito de ganhar uma grande bilheteria... Nosso segredo é nossa cidade, eu apenas sou um cruzamento sentimental, estranho em dias claros, numa balada de quem conta, numa balela de quem escuta. Somos assim, um fardo sem peso, um lugar desapropriado por Deus, um resgate de coisas que fazem sentido quando chega de madrugada e percebemos quem bebe ao lado, quem divide um cigarro, quem faz a gente gargalhar sem pudor, amanhã já muda o número da chamada, hoje o que conta somos nós e todo esse ponto de bons camaradas, sempre penso nos dias que o navio passa por outros rios, pontes que caem de choro, mundo sem apito festivo, um dia, um dia, um dia essa ponte desaba de alegria, com o peso do navio, um dia... Ela-Ele SAIU como se o frio fosse o afeto, o afago, o músico que abraça o fim. Sem roupa, nua como o vento trágico dos olhos órfãos, nua, chorando o rosto que não existia mais, o corpo manchado de dor...




sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Eu também.

Três de copas e uma maçã verde, pensei que era sonho, estava seguro que minha porta estava fechada, me enganei. Existem enganos aos que gostam de sair em dias festivos, nada que uma taça de vinho não ajude, mentira, sou confuso e gosto de ser, minha lógica é desigual, lembra o casco da tartaruga, ela não tem nome, falo da tartaruga, ah, da minha lógica também, estou sem sal, fervendo por dentro, cheio de desejo pelo desconhecido. Você ainda não acordou e já tem planos para o mês que se aproxima. Uma resolução injusta do ar que respiro, o ar que respiro não é colorido. É, esse terreno anda assustado, é um tempo de medo dos fantasmas da grande floresta escura, e ele, o tempo, te chama como um incrível prêmio de loteria. Mãos sufocadas, quem se perde no asfalto não consegue chegar ao mercado do amor. Sem choro e sem telas onde posso pintar essa ausência de riso, será que o amor lembra de mim? Por aqui o tempo é cheio de dúvida. Claro, na sua casa deve ser diferente, na sua cidade também, claro, claro que o seu bairro deve ser cheio de certezas. O meu circo não tem palhaço, prefiro o mundo da película, cordas que sonham em resgatar o coração perdido. O telefone deve tocar esses dias, um amigo deve me propor confusão, lembrar de uma cena qualquer, da namorada que foi embora, do sono que se tornou a vida dele. Para de fazer barulho!!! Aí, ele sempre liga o terremoto dele essa hora, que fantástico esse modelo de mundo! Eu gosto de abrir a janela em dias frios e permanecer parado durante todo o dia recebendo o sol que costuma rasgar meus olhos, meus olhos rasgam e saem letras sem nenhuma poesia… É, eu gosto de tanta coisa… E na janela eu costumo ficar, é, ali, parado, até meu coração congelar, minhas lágrimas mudarem de cor… Quem é essa garota que passa todos os dias vestida com roupas pretas, arrastando com ela uma música estranha, um olhar desconhecido e cheio de falta? Deve ser adepta a essas bandas de Rock, conheço tanta gente e vivo mudo quando lembro desse povo conhecido, gente que quebra os dentes antes do Natal. Você quer alguma coisa? Parece que não limparam o tapete que fica na entrada da porta. Meu banheiro não tem aquecedor, moscas aparecem com frequência por aqui, hoje quase matei uma, ela fugiu, ela conseguiu fugir, moscas são espertas. Não sei o que fazer com minhas dívidas, quem é você? Eu? É! Quem é você que se esconde no silêncio do jantar em família? Família? Achei que vivia só. Ah, desculpe, me equivoquei com o número da porta. Entre! Não, obrigado, perdão por te incomodar. Não, não, esqueça o perdão, fique comigo essa noite, gosta de jogar cartas, ouvir música? Eu não sei. Entra! Obrigado. É legal sua casa. É. Eu gosto dela assim. Eu também.





segunda-feira, 20 de outubro de 2014